quarta-feira, 9 de setembro de 2009

QUEM SOU EU?


Nasci em 25 de Dezembro de uma virgem. O meu nascimento foi acompanhado por uma estrela a leste que por sua vez, foi seguida por três reis em busca do Salvador recém-nascido. Aos doze anos, era uma criança prodígio e aos 30 foi batizado e logo em seguida comecei o meu Reinado. Tive 12 discípulos, fiz milagres como curar enfermos, andar sobre as águas, ressuscitei um homem chamado Elazarus (Cristo ressuscitou Lázaro!). Era conhecido por vários nomes como A Verdade, A Luz, O Filho de Deus, Krst entre muitos outros. Fui traído e crucificado, morto, fui sepultado e ressuscitei três dias depois. Se você pensou e respondeu Jesus, sua resposta está errada! Essa historieta pertence ao deus egípcio Hórus que era cultuado a mais de 3000 anos a. C. Nessa estória do deus Hórus, há uma semelhança com o mito cristão da virgem grávida (Maria) que foge de Herodes em direção ao Egito, para salvar seu filho (Jesus) que carrega em seu ventre. Esse mito é uma reinterpretação da lenda de Ísis e Hórus fugindo de Seth. O mito de Hórus tem semelhança também com a estória de Krishna, um deus indiano de 3500 a.C. O mesmo nasceu de uma virgem que foi avisada com antecedência sobre a sua concepção de seu filho-deus e qual nome daria a criança: Krishna (quase a mesma pronúncia da palavra Cristo, não é?). Uma profecia dizia que Krishna destronaria seu tio, o Rajá. Por causa disso, a mãe de Krishna foi presa numa torre para não ser concebida por ninguém. O espírito de Vishnu atravessou o muro e se uniu à ela, se mostrando como uma luz que foi absorvida pela mãe de Krishna (Devanagy).Quando Krishna nasceu, um vendaval demoliu a torre onde Devanagy estava aprisionada e fugiu com Krishna para Nanda. O Rajá mandou matar todas as crianças que tinham acabado de nascer, mas Krishna conseguiu escapar. Pastores foram avisados da chegada de Krisnha através de um aviso nos céus (uma estrela no Oriente) e lhe levaram presentes. Com 16 anos, Krishna começa a viajar pela Índia, para pregar a sua doutrina, abandonando a sua família e é chamado de Redentor pelo seu povo. Faz muitos discípulos e recebe o nome de Jaseu (Jesus?) e após sua morte ressuscitou. Outra estória parecida pertence ao deus grego Dionísio que também nasce de uma virgem a 25 de Dezembro, foi um peregrino que praticou milagres tais como transformar água em vinho e era conhecido como Reis dos Reis, Filho Pródigo de Deus, Alfa e Ômega entre muitas outras coisas e após sua morte ressuscitou. Outro ser mitológico que tem as mesmas características é o deus Mithra, da Pérsia antiga. Ele também nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, uma estrela surgiu no Oriente indicando o caminho para os magos que trouxeram incenso, mirra e ouro. Teve 12 discípulos, praticou milagres, após a sua morte foi sepultado e três dias depois ressuscitou. Também era conhecido como A Verdade, A Luz entre muitos outros nomes e o dia sagrado para a adoração de Mithra era aos domingos. A estória de Buda também trás semelhanças incríveis veja: O nascimento de Buda teria sido avisado à sua mãe e quando ele nasceu uma luz intensa iluminou o mundo fazendo mudos falarem, cegos verem e uma brilhante estrela no Oriente anunciou o seu nascimento. Buda fez as pessoas mais sábias do seu tempo se admirarem com o seu vasto conhecimento e muito cedo começou a pregar e converter pessoas.O seu discurso mais famoso também leva o nome de Sermão da Montanha e depois que morreu, ressuscitou aparecendo para os seus seguidores. Será que essas semelhanças que existem entre o Cristianismo e essas mitologias são puras coincidências? Que reflexões podemos tirar dessas mitologias? Os ensinamentos que nos foram transmitidos pelas religiões cristãs há séculos sobre o Filho de Deus (Jesus Cristo) estariam baseados nessas mitologias de vários povos do mundo antigo? Seria a história de Jesus, o alicerce do Cristianismo, um ser “construído” a partir desses personagens mitológicos de outras religiões?

POR QUE OS SANTOS NÃO RIEM?

Outro dia, lendo uma revista de assuntos variados, encontrei algumas imagens de santos que são cultuados pelos adeptos da religião católica e percebi que todos eles, que estavam expostos na revista, não riam! Esse fato me chamou a atenção e procurei investigar se era uma regra entre as imagens do (a)s santos (as). E qual foi a surpresa? Constatei que todos realmente não riem! Por que essa atitude de fazerem estátuas e pinturas de santos (as) sempre com o semblante de quem está triste, depressivo ou com dor de dente, de barriga ou algo parecido? Outra coisa que constatei é que muitos dos “santos” são cultuados como se tivessem vindo de uma sessão de tortura, todos ensangüentados e aparência física esquelética parecendo com os judeus dentro dos campos de concentração durante a II Guerra Mundial e de pessoas que vivem no continente esquecido por Deus!
Procurei me aprofundar no tema e encontrei coisas absurdas que os católicos cultuam como sagradas que vão desde múmias até crânios humanos (algo muito assustador), corpos em decomposição, imagens de todo tipo e formato, túmulos, pedaços de madeiras, tecidos, objetos pessoais que pertenceram aos (as) santos (as), ou seja, as famosas relíquias que tanto contrariaram Lutero! Acho que Freddy Krueger e Jason adorariam visitar essas “exposições macabras”. Estamos falando do necrocatolicismo. Encontrei várias estórias inacreditáveis que dariam um bom roteiro para um filme de terror como às de: São Francisco Xavier, Santa
Catarina de Siena (seu corpo foi desmembrado e seus pedaços enviados a vários lugares. Sua cabeça foi preservada e mantida na Igreja de Santo Domingo em Siena bem como um dos dedos e seus instrumentos de autoflagelação. Seu tronco está exposto na Igreja de Minerva em Roma), Santa Lúcia (tem uma máscara de prata sobre o rosto e seu cadáver está exposto numa Igreja em Veneza. Um dos seus braços foi arrancado para ser exposto em outra Igreja), Santa Catarina de Bolonha (foi enterrada sem um caixão, seu corpo foi exumado 18 dias mais tarde por causa de curas a ela atribuídas e ainda por causa de um doce perfume exalado de seu túmulo. Seu corpo foi encontrado intacto e até hoje permanece na Capela do convento das Clarissas Pobres em Bolonha, sentada numa cadeira), Santa Margaret de Cortona (santa italiana e padroeira das prostitutas. Seu corpo está exposto numa tumba gótica na catedral de Cortona, província de Toscana), Santa Zita (viveu em Luca, Itália. Foi sepultada numa cova comum. Exumado três séculos depois, seu corpo estava completo e intacto) Como Santa Zita, o corpo dos santos Ubaldo de Gubbio e Savina Petrilli se mantém conservados sem explicações científicas convincentes). Esses são alguns dos mais de 10 mil santos (as) reconhecidos pela ICAR. O Brasil colabora com essa lista com Frei Galvão, um santo 100% nacional criador das famosas pílulas que curam todas as enfermidades humanas (se tiver fé, é claro), Madre Paulina, São Roque Gonzales, Santo Afonso Rodrigues, São João de Castilho e Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a padroeira do Brasil. Mais a lista dos santos brasileiros não para por aí. Existem os “santos” que não são reconhecidos pela Igreja Católica, mas o povo adotou como tal. O exemplo mais famoso é do Padre Cícero Romão Batista (padin Ciço, para os nordestinos) do Juazeiro, no estado da Bahia, Frei Damião de Bozzano, Escrava Isaura (como ela conseguiu esse feito? Além de ser mulher, era negra e escrava!), Padre Maria Ibiapina, Dom Vital, Antoninho da Rocha Marmo, Padre João Batista Reus, Sapé Tiaraju, Padre João Maria Cavalcanti de Brito. Temos também os Beatos Padre José de Anchieta, Padre André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Eustáquio van Lieshour, Padre Mariano da Mata Aparício, Albertina Berkenbrock, Padre Manuel Gomes Gonzalez e Adílio Daronch, Irmã Lindalva Justo de Oliveira e, sem esquecer a venerável Irmã Dulce.
O povo brasileiro está muito bem protegido por essas pessoas que já foram como nós simples mortais e hoje fazem parte de uma elite celestial que tem como principal objetivo dar livramento e proteção às pessoas, principalmente, brasileiros! Imagine se não tivéssemos essa proteção divina? O número de assassinatos no Brasil e os crimes contra a mulher seriam bem piores!Talvez chegasse aos números de mortos da II Guerra Mundial. Isso não acontece graças às interferências dessas entidades nas nossas vidas e na sociedade!
Já li em algum lugar que o Brasil é maior país católico do mundo. Dizem que na Bahia, por exemplo, para cada dia do ano existe uma igreja e, conseqüentemente, um santo (a) protetor (a). Basta saber que o maior santuário mariano do mundo fica em Aparecida no estado de São Paulo. O brasileiro, desde a sua formação, sempre gostou de adquirir as coisas se apoiando nos outros. Não importando que sejam pessoas naturais ou “sobrenaturais”. O importante, para o brasileiro, é ser apadrinhado e atingir o seu objetivo. Talvez seja por isso, que o Brasil se constituiu o maior berçário do cristianismo católico. Por outro lado, ser um povo de uma religiosidade arraigada não significa ter uma sociedade desenvolvida em termos socioeconômicos e políticos. O Brasil faz parte de uma estatística que mostra que todos os países que possuem um povo onde a religião é o oxigênio da sociedade, são países atrasados e sua população vive com grandes problemas sociais e econômicos que atingem diretamente a dignidade humana! Já em países onde a religião não interfere nas vidas das pessoas e da sociedade como nos países pobres (países do antigo Terceiro Mundo, hoje são conhecidos como países do Sul), o quadro é completamente o oposto. São países que atingem altos índices de desenvolvimento nos setores econômicos, políticos e, mostram os mais altos IDHs do planeta. Como explicar isso? A resposta para a pergunta que intitula esse texto é dificil de responder, mas acho que o motivo principal era que todos eles eram banquelas! Os brasileiros, principalmente. Em pleno século XXI, o nosso país apresenta um quadro desolador. São mais de 23 milhões de banquelas, segundo dados do Ministerio da Saúde. Imaginem pessoas que viveram nos séculos XVIII, XIX e início do século XX no Brasil? Nosso país não é só penta campeão de futebol! Somos também o país onde existe o maior numero de seres humanos banquelas por metro quadrado do mundo!! Viva o Brasil! Viva!

MULHER, POR QUE CHORAS?




O dia 8 de março é especialmente dedicado às mulheres. É uma homenagem mais do que justa pela grande contribuição que elas têm dentro da sociedade e pela sua capacidade de preservar a vida em cada canto do nosso planeta. O homem pós-moderno perdeu todos os seus referenciais diante da sociedade atual. Tornou-se um estranho dentro do seu próprio mundo. É um homem desarmado de valores consistentes e que tenham compromisso com a vida, com o outro, com natureza. Não consegue enxergar com os olhos da razão. É um homem fragmentado, dividido entre o bizarro e o trágico. Como um homem que se caracteriza por tais adjetivos, tem a capacidade de ver a mulher de outra maneira, senão de forma distorcida, das suas reais qualidades e importância?
Essa pergunta, que intitula esse texto, é bastante pertinente para atual situação da mulher brasileira. A sua realidade é bastante preocupante. Basta ver os noticiários jornalísticos e constatar que elas são alvo da brutalidade que vem ceifando suas vidas ao longo dos últimos anos no nosso país. “Só em Pernambuco 283 mulheres foram assassinadas em 2008. Desse total, 38,46% tiveram motivação passional”. E o pior é que a maioria desses crimes ficou em pune!

O Brasil, desde a sua formação, desenvolveu-se de acordo com os valores dos colonizadores portugueses onde o patriarcalismo era a regra que estruturava a sociedade lusitana. Nossa sociedade cresceu baseada nesses valores onde o homem tinha o total domínio sobre a mulher e a mesma lhe devia obediência. Suas vontades, desejos e individualismo não eram reconhecidos. Talvez seja em função disso, que muitos homens têm a mulher como uma propriedade, um objeto de prazer.
A mulher, atualmente no Brasil, é classificada, através de músicas, por nomes de frutas e animais irracionais. O erotismo e a sensualidade se tornaram os meios de se conquistar resultados positivos pelas grandes empresas que utilizam a propaganda para venderem seus produtos.

De onde vem essa submissão da mulher em relação ao homem e a sociedade?
Existem algumas explicações baseadas em costumes e tradições antigos e que podemos encontrar em textos reunidos em livros ditos “sagrados” como, por exemplo: A Bíblia.


Há várias passagens bíblicas onde a mulher é humilhada e tratada como um ser inferior aos homens. Veja o que encontramos: "Multiplicarei grandemente a dor da tua gestação; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará (Gen. 3:16). Veja outro exemplo: "Como, pois pode o homem ser justo diante de Deus, e como pode ser puro aquele que nasce da mulher?"(Ester 25:4). E que tal esse: "Porque os lábios da mulher silenciosa destilam mel, e sua boca é mais macia do que o azeite; mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes.” (Prov. 5:3-4). E esse absurdo aqui: "E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são laços e redes, e cujas mãos são grilhões; quem agradar a Deus escapará dela; mas o pecador virá a ser preso por ela.(Eclesiastes 7:26). Isso é uma pequena parte do que existe contra a mulher no Antigo Testamento. Veja o que dizem os evangelistas Marcos, (7:25); Lucas (16:18;18-29;20:8;24:11) e João (8:3;16:21) no Novo Testamento. Olha só as pérolas do apóstolo Paulo sobre a mulher: "Ora quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher” (Coríntios 7:1). E o próximo versículo é um convite a violência doméstica e sexual contra a mulher: "A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o seu marido.” (Coríntios 7:4). Leia também Coríntios (34:3;7-10). E o que dizer da mulher menstruada? O livro de Levítico dá a receita: (12:19) "Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo na sua carne for sangue, ficará na sua impureza por sete dias,e qualquer que nela tocar será imundo até a tarde. 20 E tudo aquilo que ela se deitar durante a sua impureza, será imundo; e tudo sobre o que se sentar, será imundo(...). Em Gênesis (2:20-22 ) Deus forma a mulher das costelas de Adão. Isto foi necessário porque Adão não pode achar uma adjutora dentre os animais que Deus trouxe. Não seria mais prático e justo para Deus e digno para a mulher formá-la do mesmo material que deu origem ao homem? Com o erro de Eva (que foi castigada junto com todas as mulheres depois dela com as dores do parto), Adão também é castigado, embora menos severamente. Ele terá que trabalhar para viver, porque “destes ouvidos à voz de tua mulher”.Veja essa passagem aqui: Ló se recusa deixar dois anjos a mercê de um bando de pervertidos, e ao invés disso, ele oferece as duas filhas virgens. Ele diz para o grupo de estupradores: “fareis delas como bom for nos vossos olhos”. Este é o homem que é chamado de “justo” em (II Pedro 2:7-8);(19:8). Por olhar para trás, a esposa (sem nome) de Ló é transformada em uma estátua de sal por Deus.(19:26). Ló e suas filhas acampam durante algum tempo em uma caverna. As filhas aproveitam a bebedeira do pai e tem relações sexuais com ele, e cada uma concebe um filho. (19:30-38). Além dessas passagens bíblicas que desqualificam e submetem a mulher a uma condição humilhante, existem outras que sentenciam as mulheres a todo tipo de violência. Pessoas que se orientam por esses ensinamentos em pleno século XXI, encontram-se dominados por lavagem cerebral ou possui algum tipo de doença psiquiátrica.


Recentemente, no Brasil, a intolerância, a arrogância, a caça às bruxas contra as mulheres foi protagonizada pela ICAR. O ex-ascebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso, excomungou uma menina de nove anos de idade que foi violentada e estuprada desde os seis anos pelo padrasto, a mãe da garota, a equipe médica que realizou os procedimentos para que a menina abortasse e interrompesse uma gestação gemelar que certamente a levaria à morte. Se dependesse desse bispo, o “Tribunal da Santa Inquisição” seria ressuscitado! Não é à toa que a Igreja Católica vem perdendo adeptos em todo o mundo pela sua prepotência e pelo seu arcaísmo diante das mudanças que “os seres humanos” vêm sofrendo diante da sociedade contemporânea. Só falta agora a ICAR estabelecer que as mulheres no Brasil têm que usar a burqa como ocorre na maioria dos países árabes! Ou adotar normas como ocorre no Irã onde a vida de uma mulher vale a metade que a de um homem, assim como seu testemunho perante um juiz sobre qualquer assunto, e, além disso, elas não podem se divorciar quando quiserem e só podem manter a custódia dos filhos até os sete anos de idade. Ou então, espelhando-se no Taliban, radicalizar de vez sua tentativa de intervir nas questões femininas adotando práticas extremistas através de regras de conduta a serem seguidas como:

1. É absolutamente proibido às mulheres qualquer tipo de trabalho fora de casa, incluindo professoras, médicas, enfermeiras, engenheiras etc.

2.É proibido as mulheres andar nas ruas sem a companhia de um mahram (pai, irmão ou marido).
3.É proibido falar com vendedores homens.
4.É proibido ser tratada por médicos homens.
5.É proibido o estudo em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional.
6.É obrigado o uso do véu completo (burqa) que cobre a mulher dos pés a cabeça.
7.É permitido chicotear, bater ou agredir verbalmente as mulheres que não estiverem usando as roupas adequadas (burqa) ou que estejam em discordância com o que o Taliban quer, ou ainda que esteja sem o seu maham.
8.É permitido chicotear mulheres em publico se não estiverem com seus calcanhares cobertos.
9.É permitido jogar pedras publicamente em mulheres que tenham tido sexo fora do casamento.
10.É proibido qualquer tipo de maquiagem.
11.É proibido falar ou apertar as mãos de estranhos.
12.É proibido a mulher rir alto.
13.É proibido usar saltos altos que possam produzir sons enquanto andam, já que é proibido a qualquer homem ouvir os passos de uma mulher.
14. É proibido a presença de mulheres em rádios, televisão ou qualquer outro meio de comunicação.
15. As mulheres são proibidas de usar banheiro público.
16. Ônibus públicos são divididos em dois tipos, para homens e mulheres. Os dois não podem viajar em um mesmo ônibus.
17. É completamente proibido assistir filmes, televisão ou vídeo.

Essa lista vai muito além desses 17 itens (ou proibições). Por que a ICAR não faz uma campanha mundial, já que é uma instituição que prega o ecumenismo, para que os direitos fundamentais do ser humano (no caso aqui, das mulheres afegãs) sejam reconhecidos e praticados em países que adotam procedimentos e atitudes que desrespeitam a dignidade e os direitos humanos? Seria mais interessante do que excomungar uma criança que foi estuprada pelo próprio pai! Por outro lado, a ICAR reivindica mais proteção à mulher em casos de espancamento e assassinato através de ações na justiça, passeatas, seminários, conferências, denúncias nos meios de comunicação cobrando ações afirmativas por parte daqueles que ocupam as três esferas do poder no nosso país. São atitudes contraditórias!


A atual Constituição brasileira trata a mulher com mais respeito e dignidade do que a Bíblia e, consequentemente, muitas religiões que se baseiam nesse “livro sagrado”. O Artigo 5º inciso I da nossa carta magna é bastante claro em relação a isso: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos dessa Constituição”. Isso se chama princípio de igualdade entre homens e mulheres e é uma das maiores conquistas femininas no nosso país. Apesar de que desde 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem já anunciava um novo olhar sobre o ser humano. Isso fica bem evidente logo no seu Art. 1º “Todos os seres humanos nascem livres em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência e devem agir uns com os outros em espírito de fraternidade”. O Art. 3º diz o seguinte: “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e a segurança pessoal.” Já o Art. 4º determina que: “Ninguém será mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o tráfico de escravos, sob todas as formas, são proibidos.” O Art. 7º diz: “Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.”



Comparando essas conquistas que tentam humanizar a relação entre homens e mulheres no mundo com os ensinamentos bíblicos, é evidente que este último não passa de um código de costumes e regras obsoletos que já não atendem mais os interesses e desejos femininos porque está em descompasso com a realidade da mulher do século XXI.

Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor a Lei nº 10.406 que apresenta o “novo” Código Civil sedimentando um ordenamento jurídico em consonância com a Constituição Federal de 1988, principalmente no que se refere à igualdade entre os sexos no nosso país. Outro instrumento de defesa para proteger a mulher foi a criação da Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha que no Art.2º diz “Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.


Em termos de legislação que defende o direito e a dignidade da mulher, o Brasil deu um salto importante em relação a outros países. Por outro lado, essas leis não conseguem conter a violência contra a mulher! O que seria necessário para reverter essa realidade?
Como colocar o Brasil no topo do desenvolvimento, se a maior parte da sua população não tem os seus direitos constitucionais garantidos e respeitados?
O dia 08 de março presta uma homenagem às operárias inglesas que buscavam direitos iguais em relação aos homens, melhores condições de trabalho, dignidade. Esse fato que marcou a história das mulheres inglesas desencadeou um processo de grandes lutas em todo o mundo pelo reconhecimento da participação feminina no mercado de trabalho e os seus direitos devidamente reconhecidos pelos os homens e pela sociedade. A luta das mulheres pelos seus direitos, dignidade e liberdade não é só delas, mas da humanidade! Só assim construiremos uma sociedade mais igualitária e justa!

PEDRO I: O LIBERTADOR ESCRAVISTA




Independência ou Morte! Eis uma frase que está na cabeça dos brasileiros. Segundo a historiografia tradicional, essas palavras foram ditas pelo então príncipe Pedro I ao romper a relação política entre o Brasil e sua metrópole, Portugal, em 7 setembro de 1822. Essa versão dá a entender que Pedro I foi quem conduziu todo o processo da independência (política) do nosso país e se não fosse ele, o Brasil continuaria como colônia de Portugal até hoje. Em função disso, “as autoridades” insistem prestar homenagem a esse “grande líder” nacional. Será mesmo que essa homenagem é justa? O processo de ruptura política com nossa metrópole começou bem antes do dia sete de setembro de 1822. Desde o século XVIII, houve uma série de “revoltas” emancipatórias que contestavam o domínio português sobre o Brasil, principalmente, o Pacto Colonial. Desses movimentos, podemos destacar A Inconfidência Mineira (1789), A Conjuração Baiana (1798), A Revolução Pernambucana (1817) e Confederação do Equador (1824) no I Império. Portanto, dizer que Pedro I foi o “Salvador da Pátria” é um exagero e um total desconhecimento da nossa história. Pelo contrário, Ele mostrou-se um governante despreparado, autoritário, truculento e assassino. O povo brasileiro, durante o seu governo, continuou na mesma situação de pobreza e miséria que se encontravam antes da “independência”. Os três pilares que sustentaram nosso país por mais de trezentos anos (O LATIFÚNDIO, A MONOCULTURA E A ESCRAVIDÃO) permaneceram intactos.
Durante os nove anos como governante do Brasil, o nosso “libertador” cometeu vários erros como, por exemplo: mandou fechar a Assembléia Nacional Constituinte reunida para elaborar a nossa primeira Constituição, outorgou (impôs) a Constituição de 1824( a primeira do país) criando o poder moderador o qual mandava nos outros três poderes (mostrando-se um fervoroso adepto do absolutismo) e, nessa mesma carta magna, Pedro I, oficializou a ESCRAVIDÃO como a estrutura principal que sustentava o Estado brasileiro e afastou o povo das decisões políticas do país estabelecendo uma renda (oriunda da agricultura) para votar e ser votado. Na Guerra da Cisplatina, não teve habilidade para resolver esse conflito que acabou perdendo essa província que ficava no sul do Brasil e que hoje recebe o nome de Uruguai. Outra questão que evidenciou o governo de Pedro I foi autorizar a execução do revolucionário pernambucano Frei Caneca, “líder popular” da Confederação do Equador, em 1824. Devido à falta de habilidade política e despreparo como governante, Pedro I conseguiu a antipatia da maioria do “povo” brasileiro e, até mesmo, daqueles que o construíram como “libertador nacional e Defensor Perpétuo do Brasil”.
Outra coisa que muita gente não sabe é que a nossa Independência foi comprada por mais de 2 milhões de libras esterlinas pagas a Portugal para sermos reconhecidos como país “independente”. Uma verdadeira vergonha política. Outros países sul-americanos conquistaram suas independências através de lutas de libertação e adotaram o regime republicano de governo. Com o Brasil foi diferente. Além de pagar pela sua “independência”, a Monarquia continuou dando as cartas no nosso país. O dinheiro para o reconhecimento da nossa independência veio de um empréstimo feito aos ingleses dando origem a nossa dívida externa. O Brasil ficou “independente” de Portugal, mas ficou “de joelhos” diante dos ingleses. O imperador Pedro I governou o Brasil de forma truculenta obedecendo às regras do Estado português que sempre tratou a sua colônia americana com extremo rigor através do Pacto Colonial onde toda a riqueza produzida no Brasil era transferida para a metrópole lusitana. A função do Brasil era produzir alimentos e metais preciosos que tinham o objetivo de sustentar a economia e enriquecer o Estado e a burguesia lusitana. O Brasil foi construído para ser uma colônia de exploração e não uma colônia de povoamento como ocorreu com os EUA. Isso foi decisivo para o atraso político e econômico do nosso país. Quando Pedro I assume o poder no Brasil, essa condição de colônia de exploração ficou intocável. O nosso “libertador” era adepto desse pensamento que atendia os mandamentos do Mercantilismo, política econômica dos Estados Absolutistas do século XVI.

Na verdade, quem fez a nossa “independência” foram os grandes latifundiários, escravocratas e políticos habilidosos que tinham o interesse de governar o Brasil. Além de se sentirem ameaçados pela tentativa de “recolonização”, não queriam perder a liberdade de comércio, que foi conquistada com o fim do Pacto Colonial através da abertura dos portos as nações amigas (da Inglaterra) e a autonomia administrativa. O Imperador Pedro I e a Monarquia se tornaram uma pedra no caminho para essas pessoas. Tanto é que, ao conseguirem realizar esse “empreendimento”, tiveram o cuidado de não mexer nas estruturas que lhes davam poder, ou seja, o latifúndio, a monocultura e a escravidão. Além de não permitir o esfacelamento do território brasileiro como ocorreu nos outros países latino-americanos.
Com a “Independência”, o Estado brasileiro passou a pertencer aos ricos que até hoje tratam o nosso país como uma propriedade particular, como um bem de família. A tomada de poder, durante a Independência, pelos grandes proprietários rurais do Brasil vai se consolidar com a implantação da República através de um golpe militar contra a Monarquia em 1889.
O brasileiro (a maioria) por ter uma visão distorcida dos fatos históricos e por sua infantilidade política é levado constantemente ao ridículo, a se comportar como marionetes. A ignorância histórica dos brasileiros beira à incapacidade dos loucos de se adaptarem ao mundo real. São tratados como portadores de anencefalia e ratos de laboratórios pela maioria dos políticos brasileiros. A escola (pública) deveria reverter essa tragédia cultural imposta aos brasileiros, mas não é o que vemos. Ela mesma alimenta a ignorância popular confundindo alhos com bugalhos, sorriso com sonrisal! A escola (pública) não consegue fazer uma “assepsia” dessas distorções históricas na cabeça dos brasileiros. Não consegue filtrar as impurezas da historiografia tradicional. O povo vai à rua aplaudir “o desfile do dia sete” pelo simples fato de desconhecer a sua história, a história do seu país. No fundo, ele, o povo, não tem culpa! Ele age dessa forma porque foi assim que a escola lhe ensinou! A escola (pública) não consegue conscientizar e politizar o povo brasileiro!
O que fazer? Bom, existe uma alternativa interessante! Por que não comemorarmos nesse mesmo dia, o Grito dos Excluídos? Seria um bom começo e uma grande aula sobre política e cidadania. É um método revolucionário de educar pessoas e tem como objetivo transformar o indivíduo em cidadão. É a práxis na sua originalidade, no seu real sentido. No lugar de darmos ênfase a um evento nababesco que exige altas somas de dinheiro público para ser realizado, no Grito dos Excluídos, basta só à participação das pessoas. Não precisa de fantasias, nem pelotões. A fantasia do Grito dos Excluídos é a própria realidade do povo brasileiro e os pelotões são a grande massa de famintos, desempregados, sem-terras, sem-tetos, moradores de rua, enfim, são pessoas que a sociedade tenta esconder e o Estado brasileiro procura negar as suas cidadanias. O lema do Grito dos Excluídos de 2009 é: “Vida em primeiro lugar: a força da transformação está na organização popular”. É um tema que procura priorizar o que há de mais importante para o ser humano, a VIDA! O Grito dos Excluídos procura unificar todos os gritos por justiça, emprego, casa, terra, segurança, comida, saúde e educação pública de qualidade, contra a corrupção e impunidade política em todo território nacional numa só voz! O Brasil apresenta um alto índice de violência em todas as suas modalidades. Pernambuco é classificado como um dos estados da federação que mais pratica crime contra a vida e é o primeiro em assassinatos contra a mulher. Palmares não foge à regra! Só poderemos comemorar a nossa verdadeira Independência quando essas questões acima forem colocadas na agenda dos nossos governantes para serem solucionadas de forma definitiva. Enquanto essas questões não forem resolvidas, a comemoração da nossa independência deve ser tratada como uma farsa, um engodo, como uma independência forjada!